Conversa de Botequim

Uma visão desfocada da realidade do mundo

Ponto Final

Posted by José Eduardo Coutelle em 3 setembro, 2009

No ano passado, escrevi uma reportagem sobre suicídio para a revista Primeira Impressão, produzida pela cadeira de Projeto Experimental em Revista, e orientada pela professora Thaís Furtado (para ver a versão original da revista clique aqui). Este texto renasce devido e sua reedição, com intuito de concorrer ao prêmio de melhor Reportagem Impressa, no SET da PUC. Sem mais delongas, vamos a ele.

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O reino das formigas

Posted by José Eduardo Coutelle em 15 julho, 2009

Muitas vezes me pergunto: “Será mesmo que o homem é este ser altamente evoluído que dizem os cientistas e religiosos?”. Se os primeiros apontam que nós somos o resultado de todo um processo evolutivo, no qual os seres vivos passaram por vários milhares de anos para atingirem a capacidade e a razão, resultando assim no homem contemporâneo, os religiosos dizem que somos um produto acabado, perfeito e que todo este universo é destinado para o nosso gozo.

Tenho minhas dúvidas referentes a qualquer análise simplista e religiosa. Em primeiro lugar: nunca devemos desconsiderar a natureza. E dizer que somos os únicos seres racionais e inteligentes é uma afirmativa muito perigosa. Conheço cães que são mais capazes que muitas pessoas por aí.

Esta breve introdução se deve ao episódio que ocorreu hoje à tarde, mais precisamente às 2h 30min, na fila do nosso querido Banrisul. Como de praxe, a fila estava longa e lenta, de dar voltas. Ops… aí está a questão de toda essa dissertação sobre a natureza humana. A fila não dava voltas. Ela parecia mais um longo duto inflexível. As linhas que marcavam o chão eram irrelevantes. Parece tão óbvio. Certamente, formigas conseguiriam cumprir essa difícil missão de ficarem entre as linhas amarelas do chão, como em uma carreira. E ainda dizemos que elas são tão inferiores a nós.

O episódio parecia até cômico. Entrei na fila e tentei ajustá-la. Tentei formar o carreiro, fazer a curva. Contudo, fui vencido. As pessoas me olhavam desconfiadas. “Que esse cara quer? De certo está fazendo isso para passar na nossa frente.” Sim, aquelas pessoas mais pareciam galinhas desnorteadas do que seres humanos pensantes. Não deu outra. A fila quase adentrava a porta giratória do banco. Pessoas se empurravam para entrar e sair, espremendo-se umas nas outras. E quando parecia que a coisa ia melhorar, quando a fila andava, e estava quase chegando ao limite da demarcação das linhas amarelas encravadas ao piso, chegava um imbecil, certamente resultado da evolução de uma galinha, e em vez de seguir “labirinto”, se colocava novamente para detrás do último, em direção da porta.

Deste relato seguem algumas possibilidades de análise. Uma seria considerar que pessoas não gostam de ficar em colunas. Outra hipótese seria que estas mesmas não aceitam estar presas entre linhas amarelas no chão. Talvez se sintam apertadas dentro delas. Muitas pessoas podem ser claustrofóbicas, e a simples possibilidade de pensar estarem presas pode causar sérios danos psicológicos. Caso este seja o motivo, facilmente podemos resolvê-lo entrando em contato com o gerente e pedindo que as linhas amarelas compreendam o espaço de um casal de hipopótamos copulando, ou um perna e meio (medida moderna de distância, aplicada em ilhas próximas da Sbórnia). Uma terceira hipótese ainda seria que as pessoas sintam-se intimidades de tomar uma atitude em frente a outras tantas, sendo mais fácil ficar atrás de última pessoa. “Afinal, se o cara que chegou antes não fez nada, porque eu vou fazer”, diria um. Mas a alternativa mais ignóbil e atraente ao mesmo tempo, seja que essas pessoas simplesmente não têm capacidade intelectual de formar uma fila. E ainda dizem que as formigas são seres atrasados.

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Vampiros

Posted by José Eduardo Coutelle em 14 julho, 2009

Para acabar com essa mania de vampirinhos românticos que só chupam sangue de rato, ficam fazendo juras de amor e andam em carros conversíveis, vou mostrar um relato extraído de uma nota explicativa de rodapé do livro Romance de uma Rainha, de Rochester. Leia a descrição à seguir:

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Acidentes

Posted by José Eduardo Coutelle em 13 julho, 2009

Foram cinco anos e meio pegando o ônibus praticamente todas as noites para a Unisinos e poucas coisas emocionantes aconteceram nesse período. Digamos que ser parado pela Polícia Rodoviária Estadual e ficar estacionado no acostamento da RS-118 não é um grande exemplo de “coisas emocionantes”. A fiscalização sempre nos parava nos dias de prova na Avenida Unisinos, só para deixar o momento mais tenso. Éramos sempre fisgados como peixes, e a fiscal, com seu tradicional batom vermelho, pedia todos os documentos para o Lauri’s Hamilton, o nosso motorista.

Agora, emoção mesmo aconteceu numa noite fria, no qual pairava uma leve brisa no ano retrasado. Já tínhamos vencido toda a FreeWay e a RS-118. Acabávamos de entrar no BR-116, próximo a cidade de Sapucaia. A noite estava fria, e havia um chuvisco intermitente. Aquele desgraçado chuvisco que só serve para incomodar o motorista, pois não há velocidade do limpador de pára-brisa que se encaixe. Foi nesse clima que aconteceu o ocorrido.

Já devia ser quase 7h da noite, e a maioria dos passageiros/estudantes estavam dormindo. A noite era escura. A pista estava movimentada e escorregadia. Vínhamos em alta-velocidade pela pista da esquerda. Acordei-me assustado com o barulho dos freios. Existem vários estágios do grito do freio, e só quem passou por um acidente, por mais banal que ele seja, reconhece. Primeiro, começa com o som tradicional do pneu raspando o chão. Depois de uns três segundos, o seu grito aumenta umas três oitavas, e torna-se assustador como um berro de javalis sendo comidos vivos por ursos. Nesse momento tu já sabes do inevitável. Na velocidade em que estávamos não pararíamos. Minha reação foi empurrar o banco da frente com os pés e proteger a cabeça com as mãos. A colisão era certa, e não sabia em que iríamos bater. Este segundo durou uma eternidade na minha cabeça. Sim, talvez o segundo mais longo da minha vida. Instantes depois, a pancada. Não sofri nada. Estava preparado para ela. Batemos a uma velocidade bem lenta. Os freios não suportaram a pista molhada.

O fato foi o seguinte. Um carro que seguia a mesma direção que nós na 116 deu sinal que dobraria a esquerda. O caminhão que vinha na nossa frente freou bruscamente e conseguiu parar. Nós não. Acertamos a traseira do caminhão, que depois viemos saber que era um caminhão que transportava combustível. Sim, combustível. Se batêssemos mais forte, e a colisão rompesse, de alguma forma, o tanque do caminhão, certamente no outro dia sairia uma nota na Zero Hora comentando o terrível acidente no qual vitimou cerca de 25 estudantes e um motorista. “Um rapaz não identificado, tentou quebrar a janela lateral do ônibus com o martelo que fica preso a ela, mas antes que conseguisse todo o ônibus já se encontrava em chamas. Motoristas disseram que a explosão se deu de forma muito rápida. ‘Vi um rapaz desesperado tentando salvar sua vida e de seus colegas. Sua expressão era horrível. Nunca vou esquecer aquele rosto’, disse Paulo Fernandes, motorista que presenciou o acidente.”

De fato, o estrago foi pequeno. O vidro da frente se rachou no meio. O pára-choque foi quem sofreu mais. Já os estudantes, poucos tiveram algum dano. A marca maior é psicológica. Nesses últimos meses nunca mais consegui dormir tranquilo na estrada. Quando o ônibus freava, sempre aguardava aquele som indistinguível e o choque. Contudo, nunca tivemos outra colisão assim. Eu, pessoalmente, fui vitimado devido a afobação do nosso motorista em outra ocasião. Mas isto já é outra história.

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Músicas para ouvir sozinho

Posted by José Eduardo Coutelle em 12 julho, 2009

Vou compartilhar com meus queridos leitores (que já se aproximam a cinco diários) meu gosto pela música. Indico aqui duas bandas bem distintas. A primeira, Mad Season, com o disco Above. Composta por membros do Alice in Chains e do Pearl Jam, a banda se propõe a fazer um som carregado de melancolia, com influências do grunge. A música Long Gone Day é minha preferida.

A segunda chama-se Bon Iver. O som mistura o folk, rock e o blues. O disco (acho que não se usa esse termo há muito tempo) álbum For Emma, Forever Ago é carregado de um saudosismo misturado com tristeza nas letras sombrias das suas canções que falam sobre amores perdidos. Com vozes agudas em falsete e um violão, Junstin Vernon é quem toca adiante a banda. Vale a pena conferir a música é Skinny Love.

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Luciano e Neto

Posted by José Eduardo Coutelle em 12 julho, 2009

O Luciano do Vale ta gagá ou coisa parecida? Eu como um pobre cidadão empregado na construção civil, que não dispõe de muito dinheiro e nem Sky, tive de assistir ao jogo Grêmio e Corinthians pela Band de São Paulo, pela famosa antena parabólica. Sim, acredito que o Luciano deve estar sofrendo de sérios problemas cerebrais. Juro que até agora não entendi alguns de seus comentários malucos, totalmente sem nexo. Além disso, trocar os nomes dos jogadores é coisa de narradores desqualificados, e esse não é o caso do Luciano do Vale.

Grêmio ataca pela esquerda com o Alex Mineiro e ele diz, “lá vai o Grêmio com o Souza”. Na jogada seguinte, confunde o Tcheco com o Túlio. Na terceira vez não aguentei mais, botei o som no mudo e liguei o rádio na Gaúcha. Acho que o Luciano precisa dumas férias para dar um descanso para a cabeça.

Agora, incrível que pareça, o ex-craque Neto saiu-se muito bem na transmissão deste jogo. Apesar de ele comentar como se fosse uma noiva caipira traída um dia antes do casamento pela melhor amiga, suas explanações tinham sentido.

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E o gordinho?

Posted by José Eduardo Coutelle em 12 julho, 2009

Não poderia escrever outro assunto senão futebol nesta noite de domingo. Sabia que o Grêmio iria jogar o jogo da sua vida, como foi de fato. Mesmo não sendo um fã do Autuori, tenho que elogiar sua tática para a partida contra o gigante Corinthians, campeão do Campeonato Paulista e Copa do Brasil. Marcação firme no campo de ataque. Zaga e meio campo tocando bola ou invés do tradicional bicão para frente. Alex Mineiro em grande dia. Ora no ataque, ora caindo pela esquerda, ele foi responsável, junto de Souza, pela movimentação da equipe Gremista.

Tudo pareceu dar certo, até o sério problema de finalização. O time paulista simplesmente não jogou. Ronaldo parecia uma criança desnorteada que perdeu o pirulito em campo. Dentinho tentou, tentou e tentou, mas não conseguiu fazer nada na ponta esquerda. Driblava, girava e driblava de novo, mas não saia do lugar.

Enfim, o Grêmio fez a coisa mais certa que poderia fazer. Assinou um contrato de três anos com o Souza, o grande craque do time. Acredito, como palpiteiro oficial que sou, que o Grêmio deve começar a pensar em nomes de alto gabarito para fechar o meio campo ao lado de Souza na próxima janela de transferências caso tenha alguma expectativa de se sair bem no brasileirão. Os dias de Tcheco estão contados. Ele mal aguenta uma partida intera, fora o fato de assumir muita responsabilidade no meio campo.

Apesar do Internacional não ter se saído tão bem quanto seu rival gaúcho, ele pode sentir-se vingado pelo massacre do qual o time paulista foi vitimado nesta ensolarada tarde de domingo. Para ter todas as notícias do clássico, clique aqui.

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Dormi de meias

Posted by José Eduardo Coutelle em 11 julho, 2009

Essa é uma história muito estranha. Era um sábado, e por algum motivo escuso não tinham me acordado para o almoço. Já era meia hora, e eu então resolvi me levantar para ir comer.

– Que coisa mais estranha. O que eu faço dormindo no quarto da minha irmã? E porque estou de meias? – pensei eu.

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Kirilov e o Suicídio

Posted by José Eduardo Coutelle em 9 julho, 2009

Acho interessantíssima essa passagem do livro Demônios, de Dostoievski. Usei parte dela para redigir a minha reportagem sobre o suicídio que foi veiculado na revista Primeira Impressão do semestre passado. Eis o trecho:

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Maldito tempo

Posted by José Eduardo Coutelle em 9 julho, 2009

Esta quinta de noite está completando o quarto dia consecutivo de chuva intermitente aqui em Santo Antônio. Sinto-me como se estivesse em Londres, considerando apenas o clima, é claro. Faz também exatos quatro dias que uma maldita gripe assola o meu organismo. Se houvesse uma competição mundial de produção de muco, eu venceria facilmente. E como aguentar essa umidade? As paredes perecem estar vivas. Fios de água escorrem por elas dando uma sensação de movimento. Meus amigos inseparáveis chamam-se Sorinan e Superhist. Descobri que tomando dois Superhists juntamente com uma xícara de café eu fico parcialmente chapado. Acredito que seja o mesmo efeito do antidepressivo.

A previsão do tempo diz que domingo fará sol. Nunca li tanto na minha vida como nesses quatro dias. Só ontem, foram 150 páginas do livro Reino do Medo, de Hunter Thompson. Espero terminá-lo amanhã, caso continue chovendo.

Não sei como os eslavos conseguem sobreviver. Imagina um eterno clima frio e úmido. Eu não devia ter nascido no sul. Meus pulmões são fracos, e qualquer inversão de tempo já fico gripado. Vou tomar mais um Superhist. Preciso relaxar.

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